terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
todas as buzinas
todos os reco-recos tocarem
atira-se
e
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA.
                                                                                                             Mário Quintana

domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma crônica. Triste... Reflexiva...


Na escuridão miserável

Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar através do vidro da janela junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:
- O que foi, minha filha? - perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.
- Nada não senhor - respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.
- O que é que você está me olhando aí?
- Nada não senhor - repetiu. - Tou esperando o ônibus...
Onde é que você mora?
- Na Praia do Pinto.
- Vou para aquele lado. Quer uma carona?
Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:
- Entra aí, que eu te levo.
Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:
- Como é o seu nome?
- Teresa.
- Quantos anos você tem, Teresa?
- Dez.
- E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?
- A casa da minha patroa é ali.
- Patroa? Que patroa?
Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.
Hoje saí mais cedo. Foi 'jantarado'.
- Você já jantou?
Não. Eu almocei.
- Você não almoça todo dia?
- Quando tem comida pra levar de casa eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.
- E quando não tem?
- Quando não tem, não tem - e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos - um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês.
- Mas não te dão comida lá? - perguntei, revoltado.
- Quando eu peço, eles dão. Mas descontam no ordenado. Mamãe disse pra eu não pedir.
- E quanto é que você ganha?
Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro! Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.
- Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? - perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:
- Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras. E aí no outro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados. Pode parar que é aqui moço, obrigado.
Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto...

(Fernando Sabino)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Palavras perigosas!



Homônimas são palavras que se assemelham na grafia e/ou na pronúncia, mas apresentam significados diferentes .
É o caso de ACENTO e ASSENTO.

Recentemente, a primeira foi empregada em contexto inadequado no programa Caldeirão do Huck. Isso porque o texto em que ela aparecia fazia referência às cadeiras de um ônibus que fora reformado num dos quadros da referida atração global. Nesse caso, o correto seria ASSENTOS, que significa lugar, superfície onde se senta, e não ACENTO, cujo significado é sinal gráfico, tom de voz.

A seguir, uma lista de palavras homônimas que, como as mencionadas acima, podem ser perigosas e  gerar problemas a um escritor desatento:

ACENDER (iluminar, por fogo) e ASCENDER (subir, elevar);
APREÇAR (avaliar preços) e APRESSAR (acelerar);
ÁREA (superfície) e ÁRIA (melodia);;
CAÇAR (perseguir a caça) e CASSAR (anular, inutilizar);
CEGAR (tornar cego) e SEGAR (ceifar, cortar para colher);
CENSO (recenseamento, contagem) e SENSO (juízo);
CELA (quarto pequeno ou cubículo) e SELA (arreio de animais)
CERRAR (fechar) e SERRAR (cortar);
CESSÃO (ato de ceder, doação), SEÇÃO ou SECÇÃO (repartição, departamento; divisão) e SESSÃO ( tempo de duração de uma representação ou espetáculo, encontro, reunião);
CONCERTO (acordo, , arranjo, harmonia musical) e CONSERTO (remendo, reparo, arrumação);
ESPECTADOR (o que presencia) e EXPECTADOR ( o que está na expectativa);
ESPERTO (ágil, rápido, vivaz) e EXPERTO (conhecedor, especialista);
ESPIAR (olhar, ver, espreitar) e EXPIAR (pagar uma culpa, sofrer castigo);
ESPIRAR (respirar) e EXPIRAR (morrer);
COSER (costurar) e COZER (cozinhar);
INCIPIENTE (iniciante, principiante) e INSIPIENTE (ignorante);
INTENÇÃO ou TENÇÃO (propósito, finalidade) e INTENSÃO ou TENSÃO ( intensidade, esforço)
PAÇO (palácio) e PASSO (passada);
PROFETIZA (do verbo profetizar) e PROFETISA (feminino de profeta);
SINTO (do verbo sentir) e CINTO (objeto de vestuário);
SEXTO (numeral ordinal) e CESTO (balaio)TAXA (imposto) e TACHA (prego pequeno);
TAXAR (fixar taxa) e TACHAR (atribuir defeito);
VIAGEM (substantivo: viagem) e VIAJEM (forma verbal: que eles viajem);

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Novo Acordo Ortográfico - A novela continua...




A senadora Ana Amélia (PP-RS) solicitará que a Comissão de Educação do Senado (CE) promova no início do ano que vem uma audiência pública sobre o novo acordo ortográfico. Enquanto o Brasil deve concluir a implementação do acordo em 2013, outros países de língua portuguesa enfrentam resistências - inclusive Portugal. Uma das providências que podem ser estudadas pelo Senado é a criação de um grupo de trabalho sobre o assunto.

Ana Amélia anunciou a audiência logo após se reunir, nesta segunda-feira (28), com o professor Ernani Pimentel. Autor de diversas críticas ao novo acordo ortográfico, o professor criou o Movimento Acordar Melhor para divulgar suas ideias.

Pimentel defende a simplificação das regras, porque, segundo ele, o novo acordo contém "incoerências, incongruências e muitas exceções". Um dos vários exemplos que citou foi a dificuldade para se compreender quando se deve usar ou não usar o hífen.

- Por que 'mandachuva' se escreve sem hífen e 'guarda-chuva' se escreve com hífen? É ilógico. E há muitos outros exemplos - afirmou ele.

De acordo com Pimentel, "nenhum professor de português de nenhum país signatário é capaz de escrever totalmente de acordo com as novas regras e, como os professores não têm condições de compreender, os países não terão condições de implantá-las".

Pimentel apoia a criação de um grupo de trabalho, no âmbito da Comissão de Educação do Senado (CE), para discutir o acordo. Ele também sugeriu que os países signatários criem um órgão similar à Real Academia Espanhola, que seria responsável pela uniformização da ortografia nos países de língua portuguesa.

Fonte: http://www.senado.gov.br/

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Sem plural!!

A bruxa do erro de concordância anda solta!

Dia desses foi a vez de um site aqui da cidade, onde fora publicada uma matéria que continha a seguinte frase:

Tanto dentro quanto fora do prédio haviam faixas sobre o evento.

Nesse caso, o problema está no emprego do verbo HAVER no plural (haviam), já que esse verbo quando equivale a existir (o que ocorre na frase em questão) ou indica tempo decorrido fica sempre no singular.

Ex: Havia muitas crianças naquela festa.

Há dois anos não vejo meu melhor amigo.

 

Portanto, de acordo com o padrão culto da língua (o exigido em textos formais, como os jornalísticos), o autor da matéria deveria ter escrito a referida frase assim:

Tanto dentro quanto fora do prédio havia faixas sobre o evento.

sábado, 5 de novembro de 2011

Lendo...

Por que Renata Vasconcellos e Chico Pinheiro sorriram?

Quem madruga porque gosta ou por necessidade (o meu caso) deve ter visto, quinta-feira passada (3/11), no telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, uma boa risada dos apresentadores logo depois da exibição de uma matéria sobre as condições climáticas. Isso porque a apresentadora Renata Vasconcellos, ao chamar uma repórter, anunciou que em “Porto Alegre FAZEM dezesseis graus.” Frase em que, de acordo com a gramática normativa, ocorre um erro de concordância verbal, visto que o verbo FAZER indicando tempo decorrido,  fenômenos atmosféricos ou fenômenos devidos a fatos astronômicos não vai para o plural.

Ex: Faz cinco anos que não aparece aqui.
      Faz vinte graus esta manhã.

Encerrada a matéria, de volta ao estúdio, Chico Pinheiro, em tom de brincadeira, perguntou a sua colega apresentadora quantos graus estava fazendo em Porto Alegre, e ela, também com risos, respondeu: “FAZ dezesseis graus.”

Portanto, o correto é:

Faz dois anos que não vou à praia. E não: Fazem dois anos que não vou à praia.

Fazia dois meses que ele não via a mãe. E não: Faziam dois meses que ele não via a mãe.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

ENEM (e nem) me fale em qualidade da educação

Se me encomendassem uma HQ, cujo tema principal fosse nosso país, deixaria desapontados muitos que esperassem de mim uma perspectiva ufanista, pois o título da minha historinha seria “O Brasil em: mais uma crise no Enem”. Até haveria uma rima pobre nesse título. O que acabaria por realçar a incompetência dos que realizam esse exame e a balbúrdia que surge em torno dele a cada ano.

Um exame que surgiu como um excelente mecanismo de substituição do famigerado vestibular, hoje se configura como um dos maiores micos do sistema educacional brasileiro, como se já não bastassem professores mal pagos, mal preparados, qualidade de ensino em decadência, escola sem a mínima infra-estrutura etc, etc, etc.

Há três anos, as provas do Enem entram no noticiário nacional e são mencionadas por dias a fio (até que surja algo mais interessante a ser noticiado) pela incompetência de um ministro de costas largas e seus subalternos em realizarem com serenidade e seriedade uma exame desse porte, sem que haja um vazamento de provas.

Enquanto isso, nós, professores, nos inquietamos com o nível delas. A cada ano, têm se exigido saber menos aos nossos alunos. Na prova do Enem (ou em quase todas as questões), basta ao aluno ter habilidade de leitura e estar preparado psicologicamente para suportar pressões, visto que o número de textos e questões é muito grande e acabam gerando tensão e muito cansaço mental.

Tudo bem que exigir habilidade de leitura no Enem em um país como o nosso em que muitos alunos das escolas públicas (para quem o Enem foi criado) entram e saem do Ensino Médio sem a habilidade de ler e compreender um pequeno texto de estrutura um pouco mais complexa, tampouco de redigir um texto com informatividade, sem redundâncias, sem incoerências e coeso.

Porém o que se observa é que ao invés de resolver os problemas de base na educação brasileira, de modo que os alunos saiam muitos bem preparados, mais uma vez o que vemos é adequar o sistema a essa baixa qualidade. No ensino regular, isso já acontece há anos. Alunos entram e passam de uma série para outra sem, muitas vezes, ter agregado nada a sua aprendizagem. Isso porque, nas entrelinhas, o governo deixa claro em suas alterações nos projetos educacionais surreais que o aluno DEVE ser promovido, salvo algumas pouquíssimas restrições.

E o que resta, então? Reduzir o Enem a um amontoado de questões com raras exigências de conteúdos referentes às disciplinas específicas, já que, se ocorresse o contrário, seria um tiro no pé do sistema educacional brasileiro, tendo em vista que sua baixíssima qualidade seria evidenciada pelo, também baixíssimo, aproveitamento dos alunos nas provas.

Daí, o que teremos? Universitários cada vez mais despreparados, pendurados nas universidades públicas (e algumas privadas) que ainda prezam sua qualidade e outros formando-se em universidades privadas (que são muitas) sabe-se lá como.

Mais uma vez quem vai pagar o pato? O cidadão comum que acabará por cair nas mãos de profissionais incompetentes.

Quanto à credibilidade do Enem, ao meu ver, está perdida. Se vão, de fato, tomar providências? Sei não.

Brasileiro tem memória curta e criticidade dependente do que a mídia divulga. A esta, o roubo das questões do Enem só interessa enquanto não surge uma notícia mais interessante, que dê mais audiência. E como os nossos governantes já sabem disso, seguem tranquilos se refrescando por aí, esperando o calor das discussões passar e fingindo-se preocupados e indignados por meios de seus assessores ou de alguns textos enviados às emissoras de televisão.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de outubro, Dia D - Dia de Drummond

Acordar, viver

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasgam em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

         Carlos Drummond de Andrade

PS: Se estivesse vivo, Drummond faria hoje, 109 anos.

sábado, 29 de outubro de 2011

29 de outubro - Dia Nacional do Livro



Estudantes da USP "derrapam no português"


Os alunos que ocuparam o prédio da administração da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) falharam no português e erraram em um cartaz colocado em protesto contra a Polícia Militar na USP (Universidade de São Paulo). No cartaz, os estudantes escreveram "trabaliadores" e "braço armados".
Houve até uma  correção depois, mas, ainda assim, o erro ficou evidente.




Fonte: R7

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

10ª Bienal do Livro da Bahia



 

A programação cultural da 10ª Bienal do Livro  da Bahia, que  acontece de 28 de outubro a 6 de novembro, no Centro de Convenções em Salvador, já está disponível no site http://www.bienaldolivrodabahia.com.br/. Veja os dias e horários das sessões de bate-papos, debates e atividades infantis. Este ano, o evento conta com muitas atrações e novidades para aproximar mais ainda o público do universo dos livros.

Vale a pena conferir!!

domingo, 23 de outubro de 2011

Dica de leitura





MANDATO X MANDADO

Que ‘equívoco linguístico’ ocorre neste trecho de uma matéria publicada em um site da cidade? Leia-o e tente descobrir.

"De acordo com Magri, a acusação é falsa. “A família pretende se mudar para o estado do Rio Grande do Sul, onde tem parente, porém terá de vender o terreno onde estavam para que o deslocamento aconteça” disse Magri. O chefe de investigação afirmou que o terreno está avaliado em 25 mil reais. “Um dos traficantes tem mandato de prisão e os outros três estão sendo investigados para que as medidas cabíveis sejam tomadas”, completou Magri."


Pra quem não descobriu, o problema está no emprego inadequado da palavra mandato, que significa delegação, procuração. No geral, é usada em termos políticos para designar os poderes que serão conferidos a uma pessoa que representará a população por um tempo determinado. O que não é o caso, no texto acima.

A palavra adequada, nesse contexto, é mandado, cujo significado é ordem judicial, administrativa.

Fica a dica.

PS: E como já disse aqui, em outras postagens, é importante ficar atento, pois erros de português podem acabar com a credibilidade de um site.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Momento Cora Coralina



O SENTIDO DA VIDA

(Cora Coralina)


Não sei...
se a vida é curta ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não
seja nem curta,nem longa demais,
mas que seja intensa,verdadeira,
pura...enquanto durar

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O grama X A grama



Outro dia, lendo notícias publicadas em um site local, me deparei com uma, cujo trecho transcrito abaixo me chamou atenção. Observe:

“Na casa de Luclécia, a polícia encontrou uma grande quantidade de drogas, além de oito frascos com ácido bórico (usado para produção da cocaína). Já na residência de Éric, foi encontrada aproximadamente 400 gramas de cocaína e 100 gramas de crack.”

Quem me conhece já sabe que detectei algum “erro de português”. Pois é. Nesse caso, foram dois. Veja:

“foi encontrada aproximadamente 400 gramas de cocaína e 100 gramas de crack”

Observe que a locução verbal "foi encontrada" (no singular) refere-se a “400 gramas de cocaína e 100 gramas de crack” (no plural). Logo, a locução verbal deveria estar no plural.

O outro problema refere-se à palavra grama que, nesse caso, é masculina, pois significa unidade de peso. Sendo assim, o adequado é que a já mencionada locução verbal fique  também no masculino. Dessa forma, de acordo com o padrão culto da língua, a oração em questão deveria ter sido escrita assim:

foram encontrados 400 gramas de cocaína e 100 gramas de crack.

ATENÇÃO:
A palavra grama, no feminino, significa relva, vegetação. Ex.: A grama do jardim precisa ser aparada.

No supermercado, nunca peça “duzentas gramas de queijo” e sim, “duzentos gramas de queijo”.


domingo, 4 de setembro de 2011

De olho na ortografia!




Leia abaixo um trecho de uma matéria jornalística publicada em um site de notícias regionais e descubra o que há de errado:

“Em julgamento realizado no fórum Dr. Fernando Pires Daltro, o réu Anderson Gomes da Silva foi absorvido”

Descobriu?
O problema está no emprego inadequado da palavra ABSORVIDO, que significa ENGOLIDO, TRAGADO. Certamente não foi isso que aconteceu com o réu.

A palavra adequada para essa frase seria ABSOLVIDO, cujo significado é ISENTO DE QUALQUER PENALIDADE.

As pessoas costumam fazer confusão entre essas duas palavras. Os meus leitores agora não farão mais. Assim espero. rs

domingo, 28 de agosto de 2011

De olho na ortografia!

Erros de português podem acabar com a credibilidade de um site ou de uma instituição. Veja alguns flagras:



Na manchete "Chef de hotel de luxo MORE baleado em SP", o correto é MORRE.




EXPERIMENTA se escreve com X e não com S, como na manchete acima.




Em SEGUI-LAS, a vogal i não deve ser acentuada, pois não se acentuam as oxítonas terminadas com essa vogal.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Acordo ortográfico



                                                                                     (Clique na imagem para ampliá-la.)

Ditongo é o encontro de duas vogais na mesma sílaba. Ex.: cai-xa, he-roi-co
Paroxítona é a palavra cuja penúltima sílaba é a tônica. Ex.: ca-dei-ra, he-roi-co


                                                                        (Clique na imagem para ampliá-la.)


ATENÇÃO: Os ditongos abertos EI OI só perderam o acento nas palavras paroxítonas! Sendo assim, palavras como HERÓI, que tem o ditongo aberto ÓI continua acentuado, pois é uma oxítona (a sílaba tônica é a última), e não uma paroxítona.

É importante lembrar também que essa regra é para ditongos ABERTOS "ei" e "oi"(pronúncia "éi" e "ói"). Na palavra CADEIRA, por exemplo, o ditongo "ei" não é aberto, pois a pronúncia é "êi".


Havendo dúvidas, poste nos comentários. Responderei a todos.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Começou!



2 anos de blog



Era um final de tarde de domingo de agosto de 2009, quando resolvi começar a dividir com outras pessoas minhas reflexões sobre o ensino/estudo da Língua Portuguesa. No início, foram duas postagens com textos de minha monografia de especialização. Porém, percebi que com eles atingiria apenas professores e, leiga nessa área de blogs, iniciei um período de pesquisas com o intuito de aperfeiçoá-lo.

Após um intervalo de silêncio (tempo que me foi muito útil para definir os meus reais objetivos com o blog), retomei minhas postagens. Dessa vez, disposta a alcançar um público mais diversificado, não somente professores de Língua Portuguesa.

Hoje, 16 de agosto de 2011, o blog NOSSA LÍNGUA completa 2 anos. Com uma divulgação ainda tímida, iniciada somente em meados do ano passado, me orgulho dos mais de 7.000 acessos, dos 85 seguidores e das muitas mensagens de incentivo de amigos, alunos e ex-alunos que o visitam e me motivam, mesmo na correria do dia a dia, a estar sempre atualizando-o.

Meus sinceros agradecimentos a todos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lendo...




"Arte e ciência de roubar  galinha" traz algumas das melhores crônicas de João Ubaldo Ribeiro. Nelas, ele  descortina para o leitor as suas memórias de infância e juventude, o seu dia-a-dia na Ilha de Itaparica, os casos e conversas com personagens locais, representantes reais da gente brasileira.


PS: E você, o que está lendo? Poste nos comentários.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

11 de agosto - Dia do Estudante

Numa época em que a educação e os valores morais passam por uma séria crise, o DIA DO ESTUDANTE, deve ser aproveitado para que algumas reflexões sejam feitas. Segue, então, minha contribuição:


 
Aqui estão alguns conselhos que Bill Gates ditou numa conferência em uma escola secundária sobre 11 regras que os estudantes não aprenderiam na escola.

Todos esperavam que ele fosse fazer um discurso de uma hora ou mais… Muito conciso, Bill Gates falou por menos de 5 minutos, foi aplaudido por mais de 10, sem parar, agradeceu e foi embora em seu helicóptero…

Regra 1
A vida não é fácil, acostume-se com isso.

Regra 2
O mundo não está preocupado com a sua autoestima.
O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.

Regra 3
Você não ganhará R$ 20.000 por mês assim que sair da escola.
Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.

Regra 4
Se você acha seu professor rude, espere até ter um Chefe. Ele não terá pena de você.

Regra 5
Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social.
Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.

Regra 6
Se você fracassar, não é culpa de seus pais.
Então não lamente seus erros, aprenda com eles.

Regra 7
Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são "ridículos".
Então antes de salvar o planeta para a próxima geração, querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

Regra 8
Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim.
Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar.
Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real.
Se pisar na bola, está despedido… RUA !!!
Faça certo da primeira vez!

Regra 9
A vida não é dividida em semestres.
Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

Regra 10
Televisão NÃO é vida real.
Na vida real, as pessoas TÊM que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.

Regra 11
Seja legal com os C.D.Fs – aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas. Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Jorge, o Amado!


No dia em que nosso Jorge Amado faria 99 anos, o presente é  para você, leitor. A seguir, algumas frases famosas desse autor que tão verdadeiramente retratou a Bahia e que tanto nos encantou com suas histórias, desde as infantis, como "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" e "A bola e o goleiro" até as mais picantes, como "Tieta do Agreste" e "Dona Flor e seus dois maridos".

"Continuo batendo com dois dedos e errando muito. Devo dizer que sou um dos homens mais incapazes do mundo. A lista de minhas incapacidades é enorme."

"Eu continuo firmemente pensando em modificar o mundo e acho que a literatura tem uma grande importância."

"Eu tive mais da vida do que mereci, do que pedi. Sou um homem muito feliz com a vida."

"Quando você morre em um país sem memória, imediatamente eles te esquecem. Quando eu morrer, vou passar uns 20 anos esquecido. " (Ele não era bom em previsões. rs)

"Na Europa, chamam-me de mestre, mas é caminhando pelas ruas de Salvador que eu me sinto à vontade. "

"Não escrevi meu primeiro livro pensando em ficar famoso. Escrevi pela necessidade de expressar o que sentia... "

"A vida me deu mais do que pedi e mereci. Não me falta nada. Tenho Zélia e isso me basta. "

" Usei a minha arma de escritor - a palavra - contra a injustiça e a miséria, contra  tudo que é anti-humano, contra a opressão e o falso moralismo."

Jorge Amado, 99 anos!

10 de agosto, aniversário de Jorge Amado.



"Acho que você não deve fazer nada que não o divirta, lhe dê prazer. Também não deve exercer um ofício, uma profissão para a qual é incompetente." (Jorge Amado)


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"os brasileiros gostaMOS"

Ontem, li e ouvi vários comentários sobre uma frase proferida por Caetano Veloso no Programa do Jô (Veja no vídeo abaixo). Resolvi, então, fazer alguns esclarecimentos, do ponto de vista gramatical.
O motivo de tantos comentários foi este trecho da fala do inteligente compositor baiano:

“... acho que é por isso que os brasileiros gostaMOS.”

CORRETÍSSIMO! Isso mesmo. Não há aí nenhum desvio da norma culta da língua, visto que o falante fez uso da concordância ideológica ou silepse, uma figura de construção em que a concordância não é feita de acordo com as palavras que efetivamente aparecem na oração, mas segundo a ideia que elas associam ou segundo um termo subentendido .

No caso de Caetano, sua fala está adequada porque ele se incluiu como brasileiro.

Veja outros exemplos de concordância ideológica ou silepse:

“Rio de Janeiro continua maravilhosa, agitada e violenta” (concorda com a cidade – feminino)

A molecada corria pela rua e atiravam pedras. (Concorda com a noção de quantidade expressa na palavra molecada)

Os pobres sofremos muitas humilhações no Brasil. (O falante se inclui no grupo dos humilhados)





Dúvidas??? Deixe nos comentários!

Minha próxima aquisição

Dizem que 1001 livros para ler antes de morrer é perfeito para os leitores apaixonados, para quem está escolhendo sua próxima leitura ou deseja conhecer um pouco mais sobre grandes obras e seus autores.




PS: Vou adquirir um exemplar e, quando acabar a leitura, colocarei aqui minhas impressões.

Leitura e encantamento

sexta-feira, 29 de julho de 2011

BASTANTE X BASTANTES



Dia desses, uma amiga veio, ansiosa, me mostrar um erro encontrado por ela nas palavras cruzadas da revista Coquetel. Ela se referia à palavra BASTANTES registrada no final da revista como resposta correta.

Ela dizia que essa palavra é invariável e, como tal, não poderia ser escrita no plural.

Na verdade, não houve erro. BASTANTE só é invariável quando exerce a função de ADVÉRBIO. Ou seja, quando se refere a um verbo, a um adjetivo ou a um outro advérbio. Mas quando se refere a um substantivo, pode ser ADJETIVO ou PRONOME INDEFINIDO, e, nesse caso, é variável, concorda com o termo ao qual se refere. Veja:

1. BASTANTE será advérbio de intensidade e invariável quando significar muito, suficientemente e referir-se a um verbo, adjetivo ou advérbio.

Elas falam bastante (muito, suficientemente).

Elas são bastante (muito, suficientemente) simpáticas.

2. BASTANTE será adjetivo e variável quando significar suficiente(s). Nesse caso, estará após o substantivo e deverá concordar com ele.

Há provas bastantes (suficientes) para incriminá-los.

3. BASTANTE será pronome indefinido e variável quando expressar quantidade indefinida. Nesse caso, virá antes do substantivo e com ele concordará.

Havia bastantes torcedores no estádio ontem.